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Matéria "Pequenas Empresas Grandes Negócios"
Data: Publicada em 1996
A atividade ainda é pouco estruturada e guarda fortes traços da informalidade recém-superada, mas o negócio de Edvaldo Mendes da Silva dá sinais de que está longe de ser uma bolha de vento. Profissional especializado em material inflável, ele encontrou no caminho do empreendimento próprio a arma para driblar o desemprego e progredir.
Há três anos, demitido de uma fábrica de produtos náuticos infláveis, passou a alugar balões pula-pula, piscinas de bolinha, lonas para parques e circos e outros materiais que fazem a alegria da garotada.
No ano passado, com a atividade mais estabilizada, decidiu dar um passo maior, iniciando uma pequena fábrica nos fundos da casa de Mendes. Aproveitando a experiência de 15 anos na indústria e lançou a Mendes Maia Infláveis e Eventos, dedicada confecção e manutenção daquelas peças. No começo deste ano, concluiu que estava na hora de formalizar o negócio, que já deixara de ser um mero instrumento de sobrevivência, e regularizou a documentação da empresa.
"Estou indo devagar porque o mercado ainda tem pouca procura" ,justifica Mendes. "Um balão é caro e leva tempo para ser produzido", completa. Artesanal, a confecção de um balão custa entre 1 mil e 2 mil reais para a empresa e consome cerca de 15 dias, informa. Assim, em seu caso, só é possível trabalhar sob encomenda. Nos períodos de baixa, como o começo do ano, há no máximo o pedido de um balão por mês. Já as encomendas de piscinas de bolinhas ocorrem a cada três meses.
"Montar um negócio desses hoje requer pelo menos R$ 20 mil em máquinas, carro, material, telefone e fax. E o retorno não vem antes de três anos", estima. A principal receita da Mendes Maia ainda vem da locação dos equipamentos. Mas tem se esforçado para vender os balões em viagens para Estados como Pernambuco, Minas Gerais e interior de São Paulo.
INSTALADA AINDA no quintal da casa de Mendes, a oficina não possui funcionários, por não ter disponibilidade para pagar salários. Em épocas de maior movimento, ele é ajudado por vizinhos, amigos e desempregados que recebem, em troca do trabalho, balões para instalar nas ruas e parques, mediante a cobrança de ingressos. Organizada num espaço de apenas 20 m² a pequena fábrica tem uma soldadeira para plásticos (lona de PVC), uma máquina de costura e seis motores elétricos adaptados que movimentam ventoinhas e enchem os balões de ar.
Além do produto da venda dos balões que fabrica, a Mendes Maia fatura de 1,5 mil a 5 mil reais por mês com dois tipos de locação: própria e para terceiros. No primeiro caso, ele conta com balões instalados em pontos estratégicos da capital paulista; no outro, faz a locação para terceiros. Nos finais de ano ou em datas como o Dia das Crianças, o movimento dobra, com o aluguel de dez a 12 tendas por fim de semana. Em épocas de baixo movimento ele investe na manutenção de balões particulares.
Quando leva suas tendas infláveis para pontos estratégicos, como o Pico do Jaraguá e o Campo de Marte, em São Paulo, a Mendes Maia cobra R$ 1 por criança, para cada dez minutos de diversão. Nessas ocasiões, aproveita para fazer sua propaganda, distribuindo um singelo cartão de visitas. |
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